A Fundação Cacique Cobra Coral ganhou o noticiário após o apagão elétrico do dia 10 de novembro, quando parlamentares da oposição decidiram convocar a entidade para explicar o blecaute que assolou o País. Nenhuma novidade, não fosse a maneira como a instituição define a si mesma:
A Fundação Cacique Cobra Coral foi criada para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza. Fundada por Ângelo Scritori e tendo a frente sua filha Adelaide Scritori também médium que incorpora o espírito e mentor Cacique Cobra Coral que também já teria sido de Galileu Galilei e Abraham Lincoln.
No dia 18, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) apresentou, em forma de protesto, requerimento à Comissão de Ciência e Tecnologia solicitando os esclarecimentos esotéricos da Cobra Coral. O pedido foi aprovado pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Nesta quarta-feira, 25, porém, a comissão decidiu cancelar o chamado.
Uma consulta ao site da entidade mostra que não só deputados e senadores recorrem ao transcedental em suas previsões. Menos ainda como forma de protesto.
Em agosto de 2005, sob a gestão do hoje governador José Serra (PSDB), a secretaria Municipal de Coordenação das Sub-Prefeituras de São Paulo firmou acordo com o Cacique para, de acordo com o site, receber “informações prévias em casos de calamidades, tais como inundações, secas, geadas, vendaval, tornado, granizo ou qualquer outra adversidade climática”.
Dados os recordes de congestionamento no trânsito da capital em meio às chuvas de novembro, pode se questionar a qualidade do serviço.
Mais parcerias com personalidades da política contemporânea foram firmadas pela fundação. Uma delas foi renovada em março de 2005 com o governo do Estado do Rio Grande do Sul, na administração de Germano Rigotto (PMDB). Outra, de acordo com a página, assinado pelo então secretário de Agricultura do Paraná e hoje senador, Osmar Dias (PDT), em 1993.
A Cobra Coral se juntou, mais recentemente, à secretaria municipal de Obras do Rio de Janeiro para a “prestação de serviços meteorológicos”. O convênio foi renovado em 2009, já na gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB). Também há o registro de uma parceria com o governo do Estado de Santa Catarina, no longínquo ano de 1987, sob a administração de Pedro Ivo Campos (PMDB).
Vão-se os cocares fica o pito.
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